A RUA

A rua tem o azul do manto da virgem Maria

Nas procissões de júbilo e cortejos de agonia.

A rua tem o vermelho das covas rasas e valas abertas

A despejar nos rios, a cor das horas incertas.

A rua tem o branco das pombas voando

Vestes alvas, mãos inclinadas em prece, orando.

A rua tem o amarelo dos fogos de artifício

Um novo começo, para o velho sacrifício.

A rua é incolor, indiferente, insensível

Cobre de cinza a pulsação do artista invisível.

O cinza cálido do fuzil com todo o seu horror.

Ah meu amor, a rua não tem cor.

Ela apenas revela os tons que a vida nela opera.

Ah meu bem, a rua é de quem?

A rua é de todos e de nenhum

Na rua, há metro para cada um.

Venha, abra os olhos, marche, sinta esse frescor

Renove-se de aurora, punhos cerrados em um novo clamor.

Regina hoje e sempre
Enviado por Regina hoje e sempre em 14/01/2019
Reeditado em 23/04/2019
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