Quadro
Uma velha carriola
esquecida entre coroas de flores.
o Tempo encostado no muro admira o esquecido,
as flores, o enferrujado vermelho...
as borboletas em silêncio
comeram o que havia de roda;
insiste contudo o olhar inconfundível de carriola.
circunscrita em seu esquecimento
a alma da carriola
sem pressa balança as pétalas ao redor
(e as pétalas ao redor
por sua vez balançam o mundo...)
os carros passam/
os prédios passam/
os homens passam/
e só depois de passados é que têm mãos
para balançar as coisas...