Métrica

A métrica se perdeu no mundo.

Esqueceu-se de onde vinha

e dos trajetos que trilhava

até encontrar a ponta dos meus dedos.

Disse-me que era esperta

o suficiente para não entrar

em poesia qualquer

e desviou do meu caminho.

Aliviada pude observar

como o verso livre se parecia mais

com os passarinhos na árvore que vejo

através da sacada da sala de estar

e menos com as lagartas

que viram borboletas

quando estão prestes a morrer.

A minha poesia não morre na

última sílaba tônica do verso.

A minha poesia segue

para o infinito das declarações eternas

até mesmo quando pensam

que ela terminou no ponto final.