Araguaia
Araguaia,
quanta vida há
sob seu pálido
manto de águas.
nas suas margens
insuspeita a Morte lava seus rebentos
enfeita-os de cocares e penachos
dança-os de flautas e pés
e poeiras multicores...
dança também Araguaia!
ouve os tambores do Tempo,
pois que tu és tributo da Noite
e a própria Morte, viva, escorre
e submerge em tuas veias fibrosas de rio
triste do Brasil...
mas depois de dançares e de enfiares
tuas bandeiras nas bocas afogadas
Araguaia
recolha-te mínimo e mudo filete de água
entras as praias, entre os poços
e placas latifundiárias...
pois que assim revelado envergonha-nos,
[rio de trevas
e até que estejas novamente limpo,
prata nova sob o céu sem tréguas,
não nos faltará quem nos mate.