Pesadelo
A manhã vem sem demora,
Alucinar minhas deturpadas retinas,
São elas — hoje! — ligeiramente azuis.
Trombas de frio fazem de minhas mãos um sorvete salgado,
Coloco tudo no bolso,
Picolé e retinas de céu.
Começo a andar nas ruas bem cedo,
Procuro pela calçada o sol,
Vejo um gato, um vira-lata, um homem e uma velha,
Um ônibus cruza o silêncio violentamente
Andando,
Uma sacola de pão e uma adolescente indo para escola;
Eu me vejo matando alguém;
E ainda não tirei a vida dos bolsos.