No tempo em que fui trapezista

Como borboleta voando

o homem participa da paisagem.

A criança assiste à fogueira,

A criança sorri à mesa,

As pétalas ferozes de uma rosa,

O rio que corre nas veias,

Nos tempos de Ana Terra,

Os livros eram lidos à luz de velas.

O verbo ter é sujo para tratar de pessoas

Faço desta tragédia

Uma limonada gelada.

Um grande olhar me persegue,

Mesmo quando vou ao banheiro.

Tudo à minha volta é como bola,

Rolando entre corredores escuros.

Gestos são licores,

Mas quem ama,

Ama na cachaça,

E no abandono das coisas.

O que é mágico ?

São as luzes paulistas,

Com aqueles imensos edíficios?

É preciso acatar a natureza

Da maneira que algumas vezes ela é:

Vazia.

No alcance está o parapeito,

enquanto a pipa se perde pela infância.

Quimeras incendiadas,

Ipseidades.

O amor não pode ficar de ressaca

Porque não é o mar,

As ondas do mar são como saudades enroladas.

O que posso então esperar do amor?

Se ele não narra novidade

Se não destitui dor alguma

Se não abrevia a dificuldade

Muito ao contrário,

Escancara a escravidão humana.

Pensar tanto em alguém,

é escrever a vida sem borracha.

Não lembrar do amor é também conservá-lo.

O amor não nos protege

ao contrário da intenção de nossas cascas.

O entendimento,

É uma porção variada de legumes,

Cada qual com seu gosto.

Tudo é uma questão de olhar - o olhar de quem olha,

Desmembrar as fraquezas

Em demasias humanas.

As cores dos homens

Não são as cores das mulheres,

O arco-íris não é definitivo.

Sinto chegar outra espécie de solidão

Sem luz de velas

Envelheço quando não sou feliz.

No diálogo do desejo com a melancolia,

Fico mesmo com a nostalgia.

Toya Libânio
Enviado por Toya Libânio em 25/01/2019
Código do texto: T6558772
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