Perdições

Perco a pena a todo momento.

Sinto como se estivesse

escrevendo uma história que

não me mostra contento.

Começos contraditórios e

finais excessivos.

Me falta um tanto de

humanidade ao pé dos sorrisos.

Quando me ponho a ler meus recados

deixados nas paredes de minh'alma

me sinto perdida na ternura falsa

que existe em outras palavras.

O livro que eu escrevi com meu sangue

desinteressou-me.

Sou flecha e sou alvo ao mesmo tempo.

Me perco em mim e no vento.

A paz escapa entre meus dedos e

no meio das estrofes sou espaçamento.

Me torno inteira quando findo mas,

mesmo que meus pontos sejam perfeitos,

sou puro desalento.

Entre lágrimas e sorrisos aprofundo a minha história.

Por hora, outrora,

eu saiba erguer minha vela

e cantar minha glória.

A perdição que me manteve sã,

hoje, me apavora.

Diante desse mundo tão gigante

o convés do meu peito se une ao mar

e me mostra a melhora.

Sou encantamento

quando azul bate em azul e me torno demora.

Demora nos olhos dos outros,

nas perdições dos outros,

e nesse covil de cobras em que a dor me prova.