Os sobreviventes

Como numa corrida, quase no fim, cansados.

Quase como na vida, sobreviventes.

Já sem roupas ou palavras, já sem medo,

Sem dó, sem orgulho. Como dejectos, sobreviventes.

Sobre a vida, sob a morte, desprovidos de medo, corajosos.

Como uma revoada de pássaros das praças, já gastos como

As pedras da calçada. Envergonhados, mitigados dos que foram.

Sobreviventes, esfarrapados, entrapados em saudade,

Emulados em bandeiras, violados.

Os olhos vítreos de lágrimas,

De novo o dia, uma pulsão tão insonora com uma lente,

Para ver verdade em vida, como uma morte vencida.

Sobreviventes.

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 17/09/2007
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