Se fossem apenas palavras

Se fossem apenas palavras,

e não fossem sobre nós,

oh, liberdade desnuda,

à espera do fim atroz.

Se tivéssemos comido os frutos

que brotam na estação

teriam nos sobrado sementes

para o plantio do nosso amor, então.

Pois era feita de argila

aquela tristonha memória.

Em água despencava, corrida,

a nossa doce história.

Não me recitem poemas de amor.

Meu coração, hoje, chora;

pelo cuidado desperdiçado

por ti que em minha memória a sair demora.

Se tornassem os sonhos moinho,

ou flor no meio da estrada,

de energia nós teríamos vivido

não dessa entranha dilacerada.

Meu coração é um barco

que veleja em mares distantes.

Oh, meu bem, traga-me um recado

numa garrafa de vidro velejando adiante!