O planar da Andorinha

Vai, andorinha,

cujos olhos fazem par

com o azul límpido do céu:

o teu lugar.

Há algum tempo,

compartilhamos os mesmos vôos,

por muito tempo.

Mas a necessidade da migração

(natural na vida de qualquer andorinha)

trouxe a nossa separação.

No dia da sofrida partida,

entre lágrimas,

mas sem rancores, sem traições,

com honestidade, respeito e amizade

(de ambas as partes)

disse-lhe que tentasse

ser feliz ao lado de outra

que lhe completasse.

Fico eu contente por tê-lo dito...

E, mais:

minha consciência está tranqüila...

Tu me disseste:

"Preciso ficar só, pensar na vida."

São poucos

os que têm coragem de ficar só

e refletir sobre si mesmos.

Isto é para os fortes.

Passam as estações...

A Terra,

nos movimentos de rotação e translação,

atende ao imperativo do tempo

e, então, ocorrem as transformações.

Que bom existir a transformação!

O velho Tempo

também mostrou, então,

que o que antes era amor-namoro

transformou-se em amor-irmão.

A voz do povo é a voz de Deus

e o povo dita:

"Uma andorinha só não faz verão".

Então, repito:

seja muito feliz,

planando pelo céu infinito,

lado a lado à andorinha

que Deus escolher

para voar contigo.

28/08/2007

Erika Ferraz Ueoka
Enviado por Erika Ferraz Ueoka em 17/09/2007
Código do texto: T656820
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