O planar da Andorinha
Vai, andorinha,
cujos olhos fazem par
com o azul límpido do céu:
o teu lugar.
Há algum tempo,
compartilhamos os mesmos vôos,
por muito tempo.
Mas a necessidade da migração
(natural na vida de qualquer andorinha)
trouxe a nossa separação.
No dia da sofrida partida,
entre lágrimas,
mas sem rancores, sem traições,
com honestidade, respeito e amizade
(de ambas as partes)
disse-lhe que tentasse
ser feliz ao lado de outra
que lhe completasse.
Fico eu contente por tê-lo dito...
E, mais:
minha consciência está tranqüila...
Tu me disseste:
"Preciso ficar só, pensar na vida."
São poucos
os que têm coragem de ficar só
e refletir sobre si mesmos.
Isto é para os fortes.
Passam as estações...
A Terra,
nos movimentos de rotação e translação,
atende ao imperativo do tempo
e, então, ocorrem as transformações.
Que bom existir a transformação!
O velho Tempo
também mostrou, então,
que o que antes era amor-namoro
transformou-se em amor-irmão.
A voz do povo é a voz de Deus
e o povo dita:
"Uma andorinha só não faz verão".
Então, repito:
seja muito feliz,
planando pelo céu infinito,
lado a lado à andorinha
que Deus escolher
para voar contigo.
28/08/2007