Sete Povos das Missões

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupi-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

E sob a cruz missioneira

Tão fulgurante de luz

Se uniram os tupis-guarani

E a Companhia-de-Jesus

As reduções Jesuíticas

Símbolo de comunidade

De existência mística

De vida em sociedade

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

Da junção de duas culturas

Uma sociedade utópica

Que unia as almas puras

À mística Igreja Católica

Os índios ergueram templos

No extremo sul das campinas

Nas pedras esculpiram santos

E já recitavam as ladainhas

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

Aprenderam o sinal da cruz

Veneravam a virgem Maria

Amavam o seu filho Jesus

Em tudo, o índio, obedecia

Cobriu, o seu corpo santo

Como se fosse vergonha

Tudo o que vinha do branco

Tinha, o índio, em alta conta

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

Pobre do índio inocente

Da cantoria e da reza

Não conhecia essa gente

Que vive só pra riqueza

Os reis de Portugal e Espanha

Resolveram lhes expulsar

Sua ganância era tamanha

Que nada podiam levar

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

Co Yvy Oguereco Yara!

Protestou Sepé Tiaraju

Não pertence aos Juruá

A Terra é de Nhanderu!

Mataram a Antonio Sepé

E a mil e quinhentos índios

Depois recitaram hinos

E rezaram à Santa Sé

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

Enquanto o sangue escorria

O Papa limpava os pratos

E lavava as mãos na pia

Tal e qual Pôncio Pilatos

Até hoje a terra é vermelha

Por esse sangue bendito

Como é a cruz missioneira

Sacrossanta cruz de arenito

Sete povos das Missões

Sete vezes Tupy-Guarani

Sete castiçais de prata

Sete filhos de Tupancy

O povo Guarani foi traído

Como foi Cristo primeiro

De Caiboaté ressoa o grito

De um cristão Missioneiro!

O povo preferiu a morte

Que a sela infame do domo

E entoa o seu canto forte:

"Essa terra já tem dono!"

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 08/02/2019
Reeditado em 21/05/2023
Código do texto: T6570339
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