NUM SEGUNDO

O tempo foi repartido.

Coisa mais sem sentido!

O tempo é como um rio a passar,

quem o pode segurar?

Às vezes vai devagar;

outras, a galopar...

O tempo não vai parar.

Quem o sabe aproveitar?

A vida e a morte

cabem num segundo.

Começam e acabam além-mundo,

no sem-fim profundo...

O tempo não tem norte.

Neste fluxo altipotente

eu me vi, de repente,

diante de ti. Que sorte !

Um instante, vagabundo errante,

mas tão fecundo,

me traz um novo mundo.

Ia meio morta ao sabor do tempo

e um momento me abre uma porta...

Tu chegas, afluente,

um amor aliciente, tão forte!

Inexplicável, incomparável,

inesquecível instante.

Pois deitemo-nos com ele, o tempo.

Vamos deixá-lo fluir

no seu ritmo e sentir

o seu pulsar intenso...

Aproveitemos este prazer imenso !