Confissão de poeta

Sou mulher, sou poeta

Sempre gostei de escrever.

Minha inspiração?

São meus cálices amargos

Que ainda não terminei de beber.

Minha vida em poesias

Versos e prosas transformei

Foi o que sempre fiz

E o que ainda farei...

Foi na dor e na agonia

Que meus sonhos e fantasias

Tristezas e alegrias

Que aqui aprendi a cantar.

Também nos contos e sonetos

Procurei me encontrar

Mas acabei descobrindo

Que a vida é apenas um sonhar...

Alguns dizem que somos loucos,

Talvez por falar a verdade?

Demonstrar o que o mundo esconde

A dureza da realidade?

Outros não sabem interpretar

E às vezes me julgam vulgar,

Bem, isso não me incomoda,

O meu dom não irei sufocar.

Aos mudos, surdos e cegos de sabedoria,

Mesmo se achando no direito de nos julgar

A mensagem passaremos, doa onde doer

Não importa o que vai dar...

Causamos certo incômodo aos poderosos sociais

Pois se ser crítico é considerado algo indecente

Sofro com os que já sofreram

Rotulados de mentes doentes.

Nada disso irá me intimidar

O que falam não me importa

Entre si nos seus egoísmos

É que os tolos se confortam.

O que realmente deveriam notar

Fingem não ver e que nada compreendem

E continua a situação precária

De uma classe baixa descontente...

Robores humanos que só obedecem

Chantageados pelo mais “forte”

Poderosos que só enriquecem.

Pobres coitados explorados

Por criaturas espertas, dementes

Que se alimentam de nossa carne

De pobres almas inocentes

As indústrias crescem

Patrimônios que sobram e apodrecem

E a classe do mais fraco

Cada vez mais empobrece.

É fome, doença e prostituição

Tanta falta de respeito e consideração

São tempos muito difíceis

É de dar dó essa situação

Ainda pregam uma democracia

Que nesse país adormece

Até a cidadania

Está na lista do esquece...

Eu continuo a dizer

Na minha confissão de poeta

Que apenas sabe escrever:

Que nesse mundo de ninguém

Uma única verdade prevalece,

O rico é quem manda e o pobre obedece.

O fruto da covardia

Desunião para lutar,

Lutar pelos direitos

Direitos que fingem nos dar.

De tudo vamos aceitando

Sem nada reclamar

E vamos sufocando aos poucos

Sem esperanças sem saber onde chegar.

Minha confissão de poeta

No maior verso irei encerrar:

Quem ousa meu poema criticar?

Eu sei que a mente corrói

E que a ignorância destrói,

Porém não irei forçar um gostar.

Obs: Poema escrito em 22/04/2002 por minha mãe Rita Oliveira.

Rita Oliveira
Enviado por Rafaela Rios em 15/02/2019
Código do texto: T6575280
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