TRANSFORMAÇÃO

A velocidade em que circula o capital,

o tráfego, o trajeto e o trote

é medida de toda transformação

no edifício, no barraco e na casa.

Quando o mundo para de girar

qualquer criança pressente

a ferrugem gangrenando articulações;

então coágulos cumulam dióxidos poluentes

nas artérias do sistema em simetria perfeita

ao tráfego, o trajeto e o trote

no edifício, no barraco e lá em casa.

O tranco nas cadeias da transformação

estacam o fluxo com cimento e ferro;

se não escrevo esvai-se tão rápido o que sou

que me perco de mim assim sou o que passou.

A velocidade impiedosa cria conceitos

que evaporam da noite para o dia

como o tráfego no trajeto do trote

dos edifício e dos barraco e das casas.

Coligações evaporam no éter limite da alma

da noite para o dia, da noite para o dia

viver é perceber-se na desconstrução

e constatar a edificação contínua

vertigem, artéria, ferrugem.

Se escrevo "toda noite, todo dia"

desencadeio o ocre do cimento

na fachada decadente

do meu pensamento.

Hei de morrer em breve, eis a grande novidade:

nada dura tanto.

Antes meto tinta na transformação.

Uma hora a trava encaixa ultrapassada,

o tráfego refaz o trajeto que refaz o trote

na mesma velocidade sobre os edifício

dos pensamentos, barracos e casas.

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 16/02/2019
Código do texto: T6576424
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