FUNERAL DO OPERÁRIO

Não há nada pra levar

também nada que deixar

nada foi o que na vida

ele conseguiu juntar.

Não tem cargo nem salário,

vai-se assim o operário

na saída do calvário

sem nem poder reclamar.

Seu protesto indigesto

teve que ser engolido

sua voz silenciada

sua boca amordaçada

sua visão ofuscada

quisera nem ter nascido.

Vai-se assim o proletário

sem direito a despedida,

a miséria da chegada

é a mesma na partida.

Vai deixando seu legado

sem nenhuma euforia

os filhos esfomeados

sustentando a burguesia.

Onde a fartura é privilégio

ser pobre é um sacrilégio

doença não tem remédio

e proletário é ninharia.

Saulo Campos-Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 21/02/2019
Reeditado em 21/02/2019
Código do texto: T6580655
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.