Quase isento
Parado e ainda assim
Inconformado
Com o que aconteceu agora.
Parado sem dar um passo
Exausto por uma guerra
Que não lutou.
Não dá pra ouvir o noticiário
E fechar os olhos
E ainda assim os deles
Não estão abertos.
Parado e vendo o suor cair
Por causa de um trabalho que não cumpriu
Com a cabeça deitada sobre o travesseiro
Descansando de um esforço que não existiu
Reparando nas palavras que não foram ditas,
Que talvez deveria,
Mais um risco que não correu.
Os dois pés juntos
Na mesma posição há dias
Os mesmos pés covardes
Que aceitaram a última cena
Mesmo julgando os donos
Dos respectivos papéis
Parado, inconformado, exausto.
Sem crime e ainda assim, culpado.