A AMEAÇA DO CORVO
Quando o grito fertiliza o silêncio,
Alijando do tempo o frescor da sanidade,
Tornando turvo o discernimento,
Furtando a razão da realidade,
Foge o entendimento
Pelas asas da leviandade.
Um corvo, à distância se mantém.
Aflita, a coruja agoniza.
Irônica, a natureza se abstém.
À prudência, a insensatez ridiculariza.
A lógica se refugia também.
Ai que Minerva o sábio evoca,
Isso desde os tempos de outrora,
Quando o erro por si sufoca
A verdade que se ausenta por hora.
Assim, foge o corvo em desalento
A coruja se recompõe.
Minerva reconstrói, a um tempo,
A luz que a sombra contrapõe.