Janeiro...
Janeiro... Primeiro...
Como Janeiro que abriu anos,
Janeiro que fecha o tempo
de raios que espantam pombos.
Janeiro que traz o ano,
Janeiro que traz o tolo,
é o mesmo que marca o tempo,
o tempo que o faz de bobo.
Janeiro que cresce o lírio,
o riso antes da morte,
o vento que vem do pólo,
na chuva que vem do norte.
Janeiro que molha o chão,
na face que rega e corta,
no canto que a chuva cai
forrado de folha morta.
Janeiro que abre um tempo,
com a chave que não existe,
porta imaginária
criada pra quem insiste.
Como se o tempo
tivesse tempo,
capaz de ser dividido,
contendo em pouco espaço
medidas de um indivíduo.
Janeiro foi quem me trouxe,
Janeiro vai me levar,
nas somas que os outros fazem,
querendo fazer lembrar,
que tenho idade no tempo,
dos Janeiros que passei,
como se velho eu ficasse,
na conta que outro fez.