Ventania Cigana

Ventania é Cigana de coração

Nascida não cigana- gadjé

Sou sim Cigana de chão e fé

Canto e danço, Deus é Luz

Amo flores, ventos, fogo, água

Tudo me compõe, arde, seduz

Por possuir paz e tormenta

Minha alma é tela matizada

Indefinida: é tudo ou é nada

Alma selvagem, inconfessa

Fingindo fortaleza é atrevida

Por vezes, desmaia entontece

Quando me lembro do Sul...

É lá em um Estado abençoado

Que vive um moreno poeta

Um ser muito amado...

Quando tormenta o derrubei

Quando tive paz eu o amei

Nunca lhe fui indiferente

Esse homem é brasileiro

Poeta- anjo, mestre- feiticeiro

Nosso confronto foi grande

Eu- ira e fúria não me rendi

Ele- paciente, fingiu desistir

Tentei armar- lhe uma cilada

Ele lá, simples, alma calada

Eu preparei o ataque e fuga

Estratégia bem elaborada

Mas de súbito ele me laçou

Como um ágil felino, pulou

Arrancou rápido meu coração

Sorriu, estava lá em sua mão.

Era eu escrava deste poeta

O Poeta que Amo, inquieta

Ele é o único que sei amar

Isto sei, não posso ocultar

O Pássaro Triste mutante

Junto da Ventania vai errante

Segue caminho Cigano, voar

Ele- magia e poesia flutuam no ar

Eu- pés descalços, pó, caminhar...