A Rosa

Por força invencível rompe a semente o claustro materno...

Em meio ao pó exsurge à vida, dom fugaz e eterno...

Revolve-se em dor buscando o calor, em súplica sedenta...

Desespera-se à busca e recebe, enfim, a luz que a ofusca

E confunde o espírito inquieto... Mas, sente-se feliz...

Sem saber o porquê quer mais ainda crescer...

Estende-se ao espaço sempre da luz ao regaço,

Desabrocha em flor, em perfume e amor...

Descobre-se, enfim, à beleza da Rosa...

Percebe-se ruim! Tem espinhos que ferem!

Em meio ao jardim é tão linda e maldosa!

Humilha o jasmim só por ser tão cheirosa!

Inocência! Clama aos céus por clemência!

Se fere a tantos com sua beleza e perfume,

Se causa a tantos a triste vileza do ciúme,

Melhor não seria a fealdade doentia?

Marco Aurélio Leite da Silva
Enviado por Marco Aurélio Leite da Silva em 19/09/2007
Reeditado em 23/01/2008
Código do texto: T658851
Classificação de conteúdo: seguro