PROCURADOS
ONDE?
Onde paira o poema de plasma
nesta noite berinjela e resfriada?
Será que rodeia o vento e para
entre o alecrim da nuvem rara?
Qual copo ele bebe? Qual trago?
Em que cotovelo de vento se instala?
Realmente existe como todos falam
ou é um sonho do poeta de bravata?
Será que ronda o verso camuflado
entre o garimpo de uma pedra cara
oculta nos confins da madrugada?
Onde paira o poema de plasma?
POR ONDE?
Por onde andará a palavra
exata que livre e arbitrária
traduzirá o instante do verso
que, no amor, está submerso?
Seria ela, então, uma volátil
aquarela entre os penhascos
azuis no infinito de um espaço
que se percorre ao contrário?
Ou quem sabe trema sob pelos
eriçados feito arames farpados
na saudade que voa e que venta.
Por onde andará a palavra?
DE ONDE?
De onde vem a poesia efêmera
que passa pelo verso num poema?
Será de um outrora muito distante
ou fruto do espanto de um instante?
Do leque de lentes ímpares e alheias
que lê o mesmo verso, mas diferente?
Será que vem junto do vento que venta
no meio da alma, agora, transparente?
Da alquimia aleatória do poeta?
Um destino que cabe a um poema?
A inversão inusitada de um reflexo?
De onde vem a poesia efêmera?