PROCURADOS

ONDE?

Onde paira o poema de plasma

nesta noite berinjela e resfriada?

Será que rodeia o vento e para

entre o alecrim da nuvem rara?

Qual copo ele bebe? Qual trago?

Em que cotovelo de vento se instala?

Realmente existe como todos falam

ou é um sonho do poeta de bravata?

Será que ronda o verso camuflado

entre o garimpo de uma pedra cara

oculta nos confins da madrugada?

Onde paira o poema de plasma?

POR ONDE?

Por onde andará a palavra

exata que livre e arbitrária

traduzirá o instante do verso

que, no amor, está submerso?

Seria ela, então, uma volátil

aquarela entre os penhascos

azuis no infinito de um espaço

que se percorre ao contrário?

Ou quem sabe trema sob pelos

eriçados feito arames farpados

na saudade que voa e que venta.

Por onde andará a palavra?

DE ONDE?

De onde vem a poesia efêmera

que passa pelo verso num poema?

Será de um outrora muito distante

ou fruto do espanto de um instante?

Do leque de lentes ímpares e alheias

que lê o mesmo verso, mas diferente?

Será que vem junto do vento que venta

no meio da alma, agora, transparente?

Da alquimia aleatória do poeta?

Um destino que cabe a um poema?

A inversão inusitada de um reflexo?

De onde vem a poesia efêmera?

Marlos Degani
Enviado por Marlos Degani em 07/03/2019
Código do texto: T6591831
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