AQUÉM

Persigo no meio da neblina a sílaba que diga,

sob o verso, os nós cegos que atam o poeta.

Insisto. Teimo. Repito o maldito de uma figa...

Feito fosse corretivo ou autopenitência ou tarefa.

É somente no exercício complexo da simplicidade

que reina-se sobre o intervalo fugidio de um instante

vazado por um tempo distraído (raro e exuberante

quase controle). Uma verdade sobre a areia da praia.

A lucidez assombra a penumbra ocre da casa.

A pressão diplomática de mil e um abafamentos.

Esse amargor de bílis que sobe tal como magma

enquanto voo até não encontrar um só unguento

esquecido do Pastor, do Padre, do Babalorixá,

Buda ou Espíritas Kardecistas. Bebo chás variados

que espantem esta fisgada aguda ou alguma prece,

pois agora o meu verso é ecumênico. E herege...

Navego na corda bamba. E que sem algum equilíbrio,

tem de se equilibrar entre as teias que eu mesmo teci.

Nunca lembro dos caminhos. Desprezo mapas. Trilhas.

Há penhascos sobre o chão da sala. Abro as cortinas

e a rajada de jasmim sobrepõe-se ao ar do óleo diesel

dos escapamentos e do veneno inflamável das línguas.

Vejo as esquinas povoadas das mil mesas (elas brilham)

e sobrevoo num pé de vento o absinto que predomina.

Não espero o baile de máscaras de um poema bonito.

Não sou bem-vindo em nada que está. Sigo o infinito.