O cliente

Como um desesperado/

Procurei em qualquer moça/

O amor, que não é pecado/

Muitas vezes, procurei no lugar errado/

Mas não tive a devida consciência/

Porque, mesmo num mundo da ciência/

A criança faz de conta/

Se não, o estado de carência promove a desobediência/

Foi assim, quando te vi/

Escondidas a meia luz/

Com a fome a ferro e fogo/

Na boca um batom singelo/

Com história contada e pseudônimo comum/

Bem vestida, como a fina flor/

A imagem e a semelhança da divindade/

Não sabia eu, que eras fruto da cidade/

Tantas marcas, tantas dores e desumanidades, que te assinavas com crueldade/

Visto como um menestrel sem qualidade/

Um homem qualquer, a procura do prazer/

Que compra o corpo de uma mulher/

Fui muitas vezes, enganado/

Procurava na teimosia, um adido de romance inusitado/

Mas nessa estrada/

Não há lugar para inocência/

É puro veneno/

Era um beijo e um troco/

Um gemido enfeitado/

Se amares, em par deves tomares de conta/

Que a realidade é louca/

São corpos e pessoas, num inferno, de dores, procurando céu/

E perdão pra suas culpas/

Hoje, por tudo que nos permitimos/

Já não vejo diferir da insensatez do nosso dia a dia/