CALENDAS

Em solo

Melodia certa

Consolo

Em tua boca esperta.

Num dado

A sorte incerta

No prado

Escavo meu rio.

Estanco

No leito vazio

Meu leito

E o leito do rio.

Num banco

De areia esfrio

Me deito

Entre o gozo e o nada.

Pensei

Desbravar charadas

O nada

Não supõe chegadas

Parei

Numa encruzilhada.

Pensar

Tem fluidez de estrada

Te amar

É ponte quebrada.

Amar-te

Ossos do ofício

Imolar-te

Em meu benefício.

Fracasso

No meu sacrifício

Enlaço

A dor de um silício

Supensos

Os muros do vento

Extenso

Meu confinamento

O medo

Fez morada em mim

Do enredo

Roubaste-me o fim.

Recado

Ao destino errado

Pecado

Também mora ao lado

Reclamo

Por não te dizer

Te amo

A não mais poder.

Entendas

Minhas entrelinhas

Calendas

Não as quero minhas.