Dies Irae

Sinto-me como um velho artista,

Aristocrata decadente e idealista;

Espera sem fim pela modernidade

Trágica que avassala a eternidade:

O tempo - foi agostiniano para Eliot,

Licofroniano para Faulkner e irredimível

Para nós. Whitman cantou o corpo elétrico

E Celan o desespero etéreo.

Não sou o poeta do corpo, mas da alma

E andando vagarosamente pelos labirintos com calma

Eu conheci o desespero

(Sem o salto da fé kierkegaardiano)

Com o português roseano

Eu entro no colapsado desterro.

O Prufrock não evoluiu,

Lúcifer de Milton caiu,

Pound errou

E Éluard militou.

Os valores cessaram,

Nossos amores apagaram.

Resta apenas Bizâncio boreal,

Onde acaba a modernidade infernal.

Salomão Nôvo
Enviado por Salomão Nôvo em 19/03/2019
Código do texto: T6602164
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.