O Pêndulo
Viver é um sonho de esperança...
Sacerdotes buscam a bem-aventurança
Enquanto outros, apenas bem viver...
Todos, enfim, temendo sofrer...
Mas a dor, subvertendo sua origem, o prazer,
A todos toca, soberana, sorrindo a trazer
Nas mãos o lenitivo: um choro aflitivo,
O remorso corroente e o pranto clemente...
O pêndulo viaja e na contradição repousa...
Onde descansa, passara em violenta emoção...
Uvas verdes, a picardia da raposa,
Sempre a dor... no viver... na evolução...
Anjo negro, abençoada maldição, cruenta forja!
O homem finge tentando fugir: a verdade forja...
Eis aí novamente a dor que dormitava apenas
Na consciência qual virtude amena, obscena...
Pequenos irmãos, devoro-os em afã, com prazer!
Acalanto-lhes o sonho em um afago mentiroso
Escolhendo-os com frieza, pelo porte, pela beleza,
Arranco-lhes as vísceras para tê-las à mesa...
Devoro meus pequenos irmãos! Devoro-os!!!
E os Anjos do Senhor? Poderia eu dizer, adoro-os!?
E as lições do Galileu? Poderia eu mentir, sigo-as!?
Que espero de Deus, senão a dor, senão o adeus!?