CAÍDO

O poema não existe, todavia é melindroso;

adora de ser poema tão somente, um sonho

magro, construído em versos de muita, rara

ou nenhuma contagem — zero de matemática.

Desce às rodas, mas jamais bancou alguma certeza.

É um Don Juan das palavras. Uma fugaz labareda.

Ele arquiteta a forma a fim de que possa fugir logo,

feito uma borboleta de fumaça, um elixir inodoro.

Manda apenas água com gás. E você que se entorpeça.

Gosta de ferir a carne. Para que a alma não desapareça.