Flancos de mim

Amo meu tempo, meu cimento, meu útero

cada pedaço de mim vibra, atiça os céus

cada voz de mim revira o convés da paixão.

Amo meu legado, meus achados, meus retornos,

nas chagas aprumo meus sonhos,

nas topadas descubro novos flancos de mim.

Amo meus brilhos, minhas remelas, meus excessos,

nos medos arremedo as fronhas travessas,

nas geleiras da fé sacudo vãos estremecidos.

Amo meus pecados, até aqueles pouco farsantes,

nos palcos estiro todo sangue revolto,

nos cheiros desapegados escorro meus melhores chãos.

Amo meus furacões, até aqueles em gestação

nos porões cabisbaixos da alma acolho meus sonhos,

nas gargalhadas vingadas da vitória atraco meu sim.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/03/2019
Código do texto: T6604163
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