LUCIDEZ E LOUCURA (SINGAPURA)

Aflita procura no mapa por Singapura

O peso do tempo no espelho a tortura

As paredes brancas perene clausura

Presa nas sombras a brilhante figura

Imagina possível fazer sua releitura

Voltar ao período de luxo e fartura

Revira as fotos do baile de formatura

Talvez coloque um dia em uma moldura

Carrega no olhar ainda amor e ternura

Saudosa de quando inventava travessura

Costura ideias de viajar pra Singapura

Será muito difícil chegar em Singapura

No silêncio ouve vozes e murmura

Recolhe os desejos represados à censura

Dança nas nuvens faz uma mesura

Ah! Por que não perdeu a compostura

Quando era invejável sua formosura

A beleza se foi ligeira tão prematura

Hoje resta insegura imagem obscura

Consumindo doses diárias de amargura

O comandante jurou em noite de aventura

Num transatlântico levá-la pra Singapura

Quantos mares haverá até Singapura

Da vida aprendeu ter jogo de cintura

Fosse qual fosse o ritmo da partitura

Flutuava no palco com desenvoltura

Ao fim do show mil fãs a sua procura

Traziam-lhe todas as rosas da floricultura

Solitária no limite da lucidez e da loucura

Sente doer a cabeça em constante tontura

Realidade insana na memória a mistura

A dúvida cutuca e permanente perdura

Existiria mesmo essa tal Singapura?

Adormece na certeza que na manhã futura

Seu amor a despertará pleno de doçura

Deve ser assim lá em Singapura

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 25/03/2019
Reeditado em 27/03/2019
Código do texto: T6606801
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