Nas sombras cinzas do muro (O muro de ilusões desconstruído)

Travou uma batalha insegura do seu interior
Buscava esperança a laço
Estava lá no fundo
No que lhe havia de mais escuro

Tentou buscar outras zonas
Qualquer cor, mesmo pastel
Era uma súplica
Mas o sangue que escorria feito lágrima
Perfazendo o órgão vital
A afogava
(Eu)

Tiro do mesmo escuro do peito a Emoção
Tão lúcida como um punhado de sangue esparso ao vento
Nos vendavais dispersos de pó cinza incolor
Embrulhados nas badaladas de agonia dos sinos…

A carne estar viva no claustro do total desalento
É castigo da impossibilidade de ser irreal
Como as sombras ocas dos gritos em batalha
Que provam que a dor é um elemento vazio
(Ele)

Um nó na garganta
A trazia de volta feito elástico
Eram muitos tons
Um infinito deles
No labirinto cinza em que se achava

Tentou resgatar sentimentos
Mas o mar morto por dentro
A devorava
(Eu)

Na Ausência de imunidade à dor desincorpora
da realidade a possibilidade de ser feliz,
ciente que todas as borboletas rodopiantes
passaram pelo labirinto e pelo nó da garganta…
Ensaio entre meus lábios palavras de amor…
Meus dedos rasgados do mesmo sangue que lagrimeja
e te afoga, aprendem formas de desatar as emoções…
(Ele)

Tentou um sussurro
Mas não dava conta do muro
Que viu ali crescer

Tentou um pranto
Mas a dor era tanta
Que desafogou

Tentou um refúgio
Mas tudo era subterfúgio
Que se escondeu

Tentou uma corrida
Mas não alcançou na vida
O tempo que acorrentava

E na fuga que almejava
Daquela zona que não alcançava
Daquele tom que a ameaçava
Dos sentimentos que a ela ouriçava
Se entregou
(Eu)

Tenho o rosto gretado do vento e das lágrimas
Por sentir do outro lado do muro o silêncio dos gritos
dessa dor infinita e inviolável das cinzas…
Mas fiz amizade com a maldita ausência,
Ganhei confiança com a dor e convencia-a
Que as paletas sonham além do cinza…
Minhas malas estão poe desfazer!
(Ele)

Era uma guerra de domínio
E sem controle
Quiçá dos sentimentos
Aceitou a realidade
Era de cinza que se vestia
E sem tons.
(Eu)

Descobri que a noite é escura…
Que o labirinto é escuro…
Que a dor é escura…
As sombras são escuras…
A realidade é cinza…
Mas o muro não era indestrutível!
(Ele)


Parceria concreta realizada entre Sessenta e Nove Sugestões Poética e eu com o tema Zona cinzenta interior. Poema desconstruído. Títulos dos dois escritores, respectivamente.
Mônica Cordeiro e Sessenta e Nove Sugestões Poéticas
Enviado por Mônica Cordeiro em 25/03/2019
Reeditado em 17/05/2019
Código do texto: T6606969
Classificação de conteúdo: seguro
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