Você me olha, mas não me vê (ensaio)

Você me enxerga como um romance inacabado,
Instigante, atropelado
À espera de um final feliz

Você me vê como uma flor
Que no seu deserto desabrochou
Mesmo à margem seca
Diante do seu nariz

Você me vê como aspirante
Que busca a felicidade em cada instante
Como num quadro à escrita de giz

Você me vê como um suspense
Que fala tudo e nada diz, nem sente
As entrelinhas ditam o enredo

Você me vê como um livro aberto
Posto à prova em cada verso
Na esperança de meu eu revelar

Você me procura nas linhas
Tem sede de se embebedar
Procura a taça mais fina
Quer no seu interior me colocar
Quer me beber em goles fartos
Como um sedento mata a sede
Mas já sabe que ao tocar a boca
Pode se sufocar com o deleite

Você mira nos meus mistérios
Tem Sedução pelo meu olhar
Quer buscar em palavras soltas
A certeza de me desenhar
Quer conhecer das minhas vontades
Não lhe pareço familiar?

No fim, estamos cansados
De tanto nos afirmar
É uma espécie de vício
Querer me desvendar (tirar a venda)
E se antídoto fosse, ah
Do meu veneno
Ia te livrar
E voltaria assim para a torre
E sua paz não iria arriscar.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 25/03/2019
Reeditado em 17/05/2019
Código do texto: T6607033
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