Duas Mortes
Do alto de uma pedra qualquer
Assistindo ao teu teatro
Tentava ser confiante em tudo que havia sido dito
Tentava me segurar em tudo que fora vivido, tudo que havia acontecido
Mas ainda assim me desesperava...
Eu a olhava de longe querendo correr a todo instante
Mas a confiança me manteve preso no chão
Talvez esse fora meu maior erro, confiar de mais...
Eu a via indecisa, olhando para o infinito do abismo,
Deslumbrada com a calmaria de uma paisagem tranquila...
Assistia sua indecisão, seus passos longos para trás me confortavam
Mas as lágrimas me assustavam
Teria ela esquecido de tudo, teria se esquecido de mim?
Será que minha lembrança já não trazia mais conforto,
Já não era mais a “luz na escuridão” a “resposta de tudo”?
Fechei os olhos e por um momento ouvi sua doce voz em minhas lembranças
“confia em mim”
Senti uma birsa leve pelo meu rosto e pude ter a certeza de que
voltaria,
Foi nessa hora que de punhos cerrados ela correu em direção a loucura
Correu até que não tivesse mais chão...
Liberade... Prisão...
Amor... Ódio...
Tranquilidade... Desespero...
Acabou...
E você tirou muito mais do que a sua própria vida.