A Marionete

Vieram com rosas e armas

Trouxeram amor e dor

Ela aguentou

Até que... suas mãos cansaram

Seus pés feridos cessaram

E percebeu que... tudo era nada

Teus murmúrios de dor

Foram omitidos por uma penteadeira

O brilho de seus olhos

Agora aterrou-se nas fronteiras

De uma sociedade sem amor

Toda a sujeira pela nossa rua

Nós costumávamos ouvir melodias

Mas, agora, a vila inteira está nua

Ou vestida de sinfonias

Não existe mais amor

E saber que tudo isso dói

É saber o que é o ser humano

Pedras são arremessadas

Para o equilíbrio de um padrão

Num altar que se constrói

Que deixa marcas de um quarto insano

Mas nesse exato momento tu estás aí, jogada

E se martirizando com suas mãos

Ela sente medo ao sair de seu mundo

Ela sente vergonha por não toar

Ela tem um infinito no meio do nada

Ela tem tudo, menos o que é preciso

E por um único segundo toda dor se transforma em mais um mundo

Um mundo perfeito de imperfeições sem se limitar

Um mundo artístico, das rosas brancas, dos pequenos vales, de suas telas brancas

O melhor lugar para os indecisos

Sem medo de sonhar

Esse é o mundo da bailarina longe da masmorra

Nenhum coração impuro jamais ousou filiar-se

Era insuficiente para os negócios, mas autônomo para a arte

Era o amor pela íris da alma

Como um simbolista que voa

Ela se curvava entre a áurea

Foram só 5 minutos até voltar à estante

Como uma boneca modelo

Como uma marionete que anima o público

E é esquecida como um brinquedo sem graça

Um batom borrado, quase sem cabelo

E agora que tudo se findou

Já não precisa de nenhum batom

Já chega de sapatos de salto

Acabou o show

Alguém desligou o som

Os ruídos dos diálogos cessaram

Acabou o show

Fechou-se a cortina

Não houve aplausos

O teatro esvaziou

Acabou o show

Rasgou-se catálogos

A expulsaram

De cabeça baixa saiu

Acabou o show

Uma lágrima caiu

Ela sorriu, limpou a face, e sorriu