Alguém me faça acreditar

Alguém aí pode me ensinar como amar de novo?

Mostrem-me o caminho.

Tenho recolhido meus pedacinhos,

que foram tratados sem carinho

e espalhados por aí.

Alguém, por favor, ensine-me a amar de novo.

Preciso de um curso intensivo,

que de alguma maneira me faça acreditar,

que meu cupido não foi morto.

Ele apenas era um tolo,

mirando em corações errados,

que não tinham afeto,

ou sabiam cuidar de outro.

Tá difícil de acreditar,

naquela coisa de alma gêmea.

De tanto brincarem com os corações,

não diferem mais os que amam e os que tentam.

Apenas logram dentro do peito alguma outra coisa,

que nem se compara àquele gostoso sentimento.

Quero andar de mãos dadas,

completar frases que estavam só no pensamento;

olhar com olhos brilhantes e úmidos,

ter borboletas no estômago que antecipam as chegadas.

Esperar ansiosa e feliz por telefonemas,

e escolher infinitamente quem desligará as chamadas.

Quero escolher presentes aleatórios sem datas especiais,

pois todos os dias serão.

Comemorar chegadas,

Marcar sua memória em eventuais despedidas.

Acordar dos depois, toda lânguida,

em lençóis perfumados de suspiros,

e aguardar sua volta, cheia de expectativas.

Prepararíamos cafés da manhã enfeitados com flores.

Violinos, não sei de onde, tocariam ao fundo

uma doce melodia que pararia o mundo.

Embalando meus sorrisos bobos,

só de lembrar do meu amor.

Se alguém ainda sabe o que é isso,

por favor, diga-me o que fazer.

Como o identificar se um dia chegar?

Temo passarmos um pelo outro

sem nos darmos a perceber.

Peço à sorte que nossos olhares se reconheçam.

Dizem que as almas tem esse dom peculiar.

Que mesmo por eras afastadas,

tendam a um dia se reencontrar.

Imaginem aqueles que têm essa sorte.

Seria como voltar para casa,

e seu pedaço perdido enfim juntar.

Palavras seriam desnecessárias.

É a capacidade que os ímãs têm de se atrair.

Não precisariam dizer "eu te amo".

A pele arrepiaria.

Um calor subiria,

E o coração tentaria sair do peito.

Pronto. Estaria feito.

Se suas auras pudessem ser vistas,

Seriam como um arco íris brilhante.

Miosótis ao redor desabrochariam.

Pássaros sairiam dos ninhos e cantariam,

celebrando o encontro de antigos amantes.

Construí em minha mente um cenário deslumbrante,

tendo a relva sob os pés,

e um céu turquesa por telhado.

Uma brisa fresca nos envolveria,

agitando nossas vestes e cabelos,

Apagando o tempo em que estivemos afastados.

Seria uma coisa linda de se ver,

capaz de revigorar poetas desacreditados.

Então, alguém me diga como fazer acontecer.

Tenho procurado por tanto, tanto tempo,

que minh'alma parece envelhecer.

A espera é um monstro tão maldoso...

Se o meu amor ainda existe, ele está sozinho por aí.

Será que ainda está muito longe?

Será que um dia vai aparecer?

Se por ventura encontraram o seu,

deem-me o prazer de saber.

Voltarei com fé a acreditar,

que pode acontecer também comigo,

assim como aconteceu com você.

Rose Paz

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 31/03/2019
Reeditado em 31/03/2019
Código do texto: T6611972
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