Um e outro

Ele a mais furiosa procela

Ele que banhos de chuva amava

Um terra seca a ser semeada

Outro adubo, remédio a ela

Ele, às vezes, podia ser gelo

Ele, com fogo, o liquefazia

Um era brisa do mar, maresia

Outro a ferrugem, voo do cabelo

Ele o sol poderoso, escaldante

Ele a nuvem que a ira aplaca

Um ventania que a tudo arrasta

Outro veleiro levado adiante

Ele granito, rochosa parede

Ele se esconde em sua defesa

Um é a cama, o banho, a mesa

Outro comensal a matar a sede

Ele é luz entre becos sombrios

Ele, no escuro, comporta-se louco

Um é gigante, estrada, um porto

Outro pequeno, carroça, navio

Mas quem é ele que a outro completa?

Mas quem é ele que de um é oposto?

Duro saber quem é quem nesta esfera

Onde outro é um e um é o outro