O encontro

E sob o sol da tarde

Entre as frestas que a árvore refletia

Ela acenava à espera de ser notada

Os olhos brilhavam como se fossem estrelas

O coração palpitava quase lhe saindo pela boca

Das mãos trêmulas escorriam o hidratante de pêssego (tão doce feito ela)

A respiração ausente era aspirada nervosamente

Tudo isso na fração do segundo

Sorriu como criança que ganha doce de vó

Era dela o momento

Desde o dia em que trocaram a primeira mensagem virtual

Esperava aquele encontro

Arrumou-se toda como quem queria impressionar a si

Cabelos lisos esvoaçantes torneavam o seu rosto

A roupa clara era uma forma de dizer “estou em paz”

Era a estética perfeita refletida pelo luz do sol

Do outro lado vinha ele

Cabisbaixo, tímido e sem traquejo

Com uma carta na mão olhava pra ela

Mas estava sem rumo

Ressabiada ficou e finalizou o aceno

Engoliu o sorriso como se fosse à força

Revirou-se numa postura de decepção

E encontrou na mão o seu cumprimento

Antes que ela soltasse

Aquilo que não cabia no peito

Deu vida a voz do menino

Que não hesitou em trejeitos

E sem nenhum comentário deu-lhe a carta

E se foi

Daquele momento em diante

O peito nem lhe cabia

Buscou no alto um horizonte

Perdeu seu dia

Na praça, jogada ao chão

Leu o seu testamento

Não tinha carta de amor

Era uma sustentação de lamento

O homem que a tirou do chão

Vivia num casamento

Depois de ler a tal carta

Coração desfalecendo

Foi subindo aquele morro

E a Deus agradecendo

Aquela falta de encontro

Era o seu livramento

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 03/04/2019
Código do texto: T6614662
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