Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz

Me embriago de café nesta tarde

sem Madama Butterfly,

quem sabe um sumi-ê.

Não.

Uma epifania buliçosa pela

cozinha, indícios de salvação.

Não.

Já é hora (falta pouco) para o jantar

então pego alface, tomate. Despedaçá-los.

Eis que encaro:

escarlate do fruto ou de meu

retesado sangue?

Esclareço:

corte no médio canhoto.

Ensaiar a fusão do mato mais vulgar

com a sinfonia (compô-la) da

amada, estalactite que quer submergir

no espírito com raízes da

natura perdida da felicidade.

No banho abro o registro. Choque

no corte mas a vida não

acorda só dormita estranha

perdendo tempo absorta e inútil.

Me embriago de mim mesmo

alcaloide à deriva

de furor trespassado pelo café

amargo que adentra

- escureza que desce nesta

caverna domesticada dando à

luz tolerâncias pantanosas na

plateia de uma ópera naufragada

em meio ao pânico do nada

pode ser feito.

Somente suportar a ração que

passa debaixo da lucidez inflamada.

André SS
Enviado por André SS em 03/04/2019
Código do texto: T6614898
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