Sobre apreciar solidão
Lembro-me de todos os evolares dos versos melódicos recitados a mim internamente, a porem postos para fora naquele papel machê que deixo secar na varanda.
Das chuvas mais pesadas, onde pego por encontrar em um tal medo bobo de trovões.
Lembro-me dele, certas vezes.
Sempre à espera estou de palavras a escrever,
mas, em momentos em que minha solidão está amiga de meu coração, as palavras soam apenas como um sopro, insuficientes para tocar a alma, insuficientes para te tocar.
Escrevo porque gosto da solidão e dos desamores que dela advém, cujo um dia já foram de amores.
E, aprecio lembrar de cada evolar meu, que fora dado em busca de um novo sussurro, na tentativa de um novo desamor certo, que virasse algum novo escrito.
É que da melancolia aprecio.
E assim escrevo, descrevo e interpreto, como uma tal ideia desconexa, que floresce em cada porquê que recito das lembranças de ser só, entre leves recordações, por vezes, dele.
O café amargo é de meu apreço e já me faz morada e acalanto.
De minha felicidade entendo, não sendo apenas tudo flor.
De minha infelicidade, a escuridão faz parte e a solidão protagoniza as minhas mais loucas e desconexas tentativas de tentar chegar a ti em versos, estes, jamais te enviados.
Mas, quem sabe por um descuido ou um verso inacabado,
tu chegue e me encontre naquele café das quartas.
Nada mais preciso,
apenas, sente-se, sorria e me beije a testa.
Marinara Sena
02/04/19
15h02min