TERNURA AGACHADA

Quero uma mulher

de faíscas a desvendar,

de cheiros a tatear,

de gostos a domar.

Quero uma mulher

tantos sonhos a cumprir

rendas a caramelar

vãos a acudir.

Quero uma mulher

despenteada na alma

rude nos encantos

repleta nos quereres.

Quero uma mulher

de ferrugens anônimas

de suores safados

de certezas raras.

Quero uma mulher

que encante ao ancorar

que atice ao acordar

que orgulhe ao compartilhar.

Quero uma mulher

de desenganos loucos

de ternura agachada

de saudade bendita.

Quero uma mulher

que desarme meus gritos

que soerga meus devaneios

que entrelace meus encardidos.

Quero uma mulher

que veja nua mesmo vestida

que veja rebanho mesmo solitária

que veja minha mesmo do mundo.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/04/2019
Código do texto: T6615762
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