A cozinheira

Pegou o cálice, levou à boca e engoliu a bebida

Ela, atrás da porta, olhava a tudo escondida

Pegou o cálice, levou ao alto e brindou sozinho

Ela, atrás da porta, tapou com os dez dedos um risinho

Ele posou o cálice sobre a mesa

Ela, atrás da porta, sentiu-se a mesma

Ele, bravo homem

Ela, cozinheira

Ele bebia o vinho do cálice

Ela a água da moringa

Ele deitou na rede e até sonhava

Ela dos restos dele se alimentava

Sonho agudo de homem grande

Ela guardou o cálice na última estante

Cavalos, pradarias, namorada na janela

Bucha de aço, cozidos, gordura na panela

Ele despertou contente: queria o mais depressa um cálice de água-ardente.

Ela desesperou-se de surpresa, e levou a ele o cálice na mais fina bandeja

Ele a olha e pega o cálice. Leva à boca

Ela, atrás da mesa, sente-se outra

Ele despenca desengonçado

Ela, atrás da porta, ri um riso largo

E comeu banquete

deitou na rede

sonhou com frango e com peixe

e depois até lembrou

Laís Mussarra
Enviado por Laís Mussarra em 21/09/2007
Reeditado em 21/09/2007
Código do texto: T661658