Memórias

No vazio da noite há um quê de mistério,

um descompasso dos passos assustados,

sobe o piso do velho casarão, guardião

das memórias reduzidas á pó, e que

apagam as últimas pegadas ali deixadas.

O recinto é tétrico, frio e de uma austeridade ímpar,

diante do cenário meus músculos enrijecem,

as fotos amareladas e carcomidas pelo tempo,

tem ar de fantasmas decorando as paredes frias.

Ambiente que um dia foi o palco das nossas alegrias

é agora uma estrutura de aparência assombrosa.

Não há noite enluarada nem rede na varanda,

há um piano dedilhado pelos fantasmas a ensaiar

arranjos para atrair visitantes,

há sombras noturnas fartas de solidão

buscando parceria para uma dança vampiresca