Fuga e retorno

O céu era um palco

De luzes efêmeras,

Víamos o passado

Cintilar sobre o medo

Cultivado pelo futuro.

Refletimos daí em então

O que fora marcante

Em passagens do ontem,

Pois o hoje está em prantos

E sempre à deriva de

Mais um esquecimento.

Escondi-me entre as árvores

Até que não houvesse

Mais nenhuma razão

Restante às lágrimas;

Gritaram meu nome,

Vasculharam a floresta inteira,

Mas mesmo assim,

Não me encontraram

E fiz daquele esconderijo

Meu novo lar.

A natureza a qual me perdi

Cuidou de mim como se

Desde o principio

Eu fosse parte de sua

Fragilidade hostil.

Amadureci até a podridão,

O ciclo se fechou

No ápice deixado

Em final aberto

Para a minha própria

Interpretação.

Fases da lua,

Fases de mim.

Estações que

Despertam um pouco

De quem eu sempre fui,

E no final, transformam-me

Em quem eu era antes.

Qualquer um poderia ver,

Poucos se esforçariam

O mínimo que fosse

Para enxergar de uma maneira

Em que possam ter

Um claro vislumbre

Do que realmente há dentro

Desta solitária casca vazia.

Há uma história encoberta

Por mentiras e disfarces,

Perfeitas beatitudes

Ignoradas incessantemente

Pelo fato de não serem

Padrões de típicas imperfeições.

Meus passos

Marcados no solo,

Um rastro que leva

A lugares estranhos

E desconhecidos,

Fora da compreensão

Por todos os motivos

Embaralhados às incertezas.

O presente se intensifica,

O começo é o fim

Que vem na hora

Em que menos é

Lembrado ou desejado.

Personalidades trocadas,

Ideais destruídos,

Não serei quem

Ponho em palavras

E metáforas utópicas.

Serei eu mesmo,

Mesmo incerto

De que esta seja minha vontade,

Sairei do meu esconderijo

Em direção ao

Retorno de toda a realidade

Que fugi como forma

De inegável necessidade.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 08/04/2019
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