Fuga e retorno
O céu era um palco
De luzes efêmeras,
Víamos o passado
Cintilar sobre o medo
Cultivado pelo futuro.
Refletimos daí em então
O que fora marcante
Em passagens do ontem,
Pois o hoje está em prantos
E sempre à deriva de
Mais um esquecimento.
Escondi-me entre as árvores
Até que não houvesse
Mais nenhuma razão
Restante às lágrimas;
Gritaram meu nome,
Vasculharam a floresta inteira,
Mas mesmo assim,
Não me encontraram
E fiz daquele esconderijo
Meu novo lar.
A natureza a qual me perdi
Cuidou de mim como se
Desde o principio
Eu fosse parte de sua
Fragilidade hostil.
Amadureci até a podridão,
O ciclo se fechou
No ápice deixado
Em final aberto
Para a minha própria
Interpretação.
Fases da lua,
Fases de mim.
Estações que
Despertam um pouco
De quem eu sempre fui,
E no final, transformam-me
Em quem eu era antes.
Qualquer um poderia ver,
Poucos se esforçariam
O mínimo que fosse
Para enxergar de uma maneira
Em que possam ter
Um claro vislumbre
Do que realmente há dentro
Desta solitária casca vazia.
Há uma história encoberta
Por mentiras e disfarces,
Perfeitas beatitudes
Ignoradas incessantemente
Pelo fato de não serem
Padrões de típicas imperfeições.
Meus passos
Marcados no solo,
Um rastro que leva
A lugares estranhos
E desconhecidos,
Fora da compreensão
Por todos os motivos
Embaralhados às incertezas.
O presente se intensifica,
O começo é o fim
Que vem na hora
Em que menos é
Lembrado ou desejado.
Personalidades trocadas,
Ideais destruídos,
Não serei quem
Ponho em palavras
E metáforas utópicas.
Serei eu mesmo,
Mesmo incerto
De que esta seja minha vontade,
Sairei do meu esconderijo
Em direção ao
Retorno de toda a realidade
Que fugi como forma
De inegável necessidade.