Depois dos vinte

Um pouco mais pra frente

De maneira que dê pra olhar pra trás

Olhar, talvez até contemplar

Se assustar consequentemente

E perceber que o tempo passa

E a gente caminha com ele

Mesmo que não seja tão claro.

Algumas indagações segue com a gente

Mas naturalmente as coisas

São ressignificadas.

Não corremos loucos pra acompanhar o ponteiro do relógio

E o desepero de fazer alguém ficar

Acaba por acalmar.

Já entendemos parte do ciclo da vida, em que é preciso deixar ir, é se desfazer de objetos inúteis acumulados.

A loucura pra aproveitar a juventude a qualquer custo, perde um tanto que o sentido.

Outras coisas que eram fundamentais chega a não fazer falta.

Pessoas que se foram, a familia que se desfez ou que nem chegou a ser formada.

Promessas de sonhos de pra sempre e que duraram apenas algumas horas

E que foi e já não é mais.

A admiração muda de roupa também,

Os ídolos mudam de figura,

E a simplicidade e generosidade nos parecem mais bonitas.

Certezas irrefutáveis saem pela porta e não voltam, embora tenha deixado algumas roupas pela casa.

As palavras são mais apreciadas antes que saiam pela boca, e pensamos duas, quatro vezes antes de proferí-las.

E o tempo todo nos policiamos e nos questionamos antes de qualquer ação.

Vale a pena o esforço?

Quase sempre não.

Estamos liquidos e deslizamos sobre situações evitando atritos.