Espetáculo sul-americano do amor trágico

Espetáculo sul-americano do amor trágico

Queria eu sentar e assistir ao deja vu

do encontro que marcamos e não fomos

das fábulas no qual nos figuramos

como animais que falavam sobre a vida

e sobre a incoerência de ser humano

Queria tu que andassemos ao léu

e navegassemos a linha do equador

nos trópicos do meu signo de capricórnio

mas fomos bruscamente impedidos

pelo câncer do teu trópico

E antes que pulasse da beirada do mundo

fiz com que o universo soubesse

que tu era o tempo todo o tempo inteiro

essência mêcanica que escapou da física

raio de luz independente do Sol.

Juntos, eramos o cânhamo clandestino

que fumamos para burlar a gravidade,

um plano elaborado para atingir o céu

sem a escolta sombria da morte.

Eramos a lembrança de Veneza

que submergiu no mar, ainda habitada

pelo suspiro dos amantes.

Mas hoje, depois de ti

sou o corpo de uma sombra

um atalho de sentimento

a profecia hereditária de meus pais,

E os povos que nos assistiam choraram

alagando as enconstas continetais,

era a tragédia grega sul-americana

tão real, que chegava a ser mais real

que a própria realidade,

ao fim todos aplaudiram de pé

a vida que imitou tão bem a arte.

Walério de Andrade Menezes
Enviado por Walério de Andrade Menezes em 21/09/2007
Código do texto: T662469