A Catedral de Notre-Dame

Fogo na Catedral de Notre-Dame

“E a catedral não era só companhia para ele, era o universo” – Victor Hugo, O Corcunda de Notre-Dame.

“As convicções isoladas, fortes como sejam, não podem fazer uma revolução nas artes”. – Eugene Viollet Le-Duc.

Aqui onde já foi o templo de Júpiter, Greco-romano,

Deus dos raios e da justiça,

Onde os celtas dançaram ébrios aos espíritos sobre-humanos,

Em que Jacques Molay, por injustiça,

Foi condenado à fogueira, o líder dos templários....

Aqui onde revolucionários derreteram os sinos

Para produzir canhões para a guerra e mercenários

Roubaram-lhe vitrais sibelinos...

Aqui, onde a Comuna de Paris tentou o incêndio,

Em 1871, que não se esqueça,

Onde também Napoleão, em vilipêndio,

Colocou a coroa à própria cabeça,

Abandonada durante a revolução francesa,

Serviu a Catedral de depósito de alimentos,

Não deixou de ter presteza,

Pois que a fé é o alimento da alma, seu cimento.

Mas lembre-se que neste lugar

Joana D’Arc

Foi beatificada, havemos de lembrar!

E que aqui se marque

Também Henrique VI, rei da Inglaterra, foi coroado...

O Fogo que lhe consumiu

Telhados, abóbadas, rosácea e arcobotantes

No dia 15 de Abril,

Representa um atentado ultrajante

À cultura, à História,

Ao insubstituível patrimônio da humanidade,

Mas a memória

Nos traz a imagem de quão turbulenta passou nesta cidade

A vida desta catedral

E entre guerras, revoluções, assassinatos, manifestações, coroações,

O fogo foi só mais um sinal...

Foi esta construção de arquitetura normando-gótica

O amálgama das vicissitudes humanas,

E sob esta ótica,

Representa as inconstâncias soberanas

Do espírito, nossas deficiências rotundas,

Eternizadas na Literatura pela figura de Quasímodo, o corcunda!