CIRÚRGICA
Gostaria de escrever um poema exclusivo
para eu mesmo. Um que não fosse alusivo
ao raso espólio do poeta. Um, simplesmente;
livre das retinas livres desse mundo diferente...
Um que fosse meu elixir léxico de texturas,
por onde a palavra desfilasse e terminasse
nua, vestida de nuvens, imersa na arquitetura
inexata de linguagens ainda sem linguagem;
pré-versos e conjecturas duma pausa que nasce.
E a morte muda me pegará: antes que seja tarde.