Cocha de retalhos reconstruida

Tenho me reservado

Não pra alguém

Mas por mim

Que estou por todos os lados

E de tudo que passa

Eu sempre sou o que fica

Até o dia da terra nos olhos

Tenho me rasgado

Não por alguém

Mas por mim

Eu que coleciono buracos

Remendados e recosturados

Sou um mosaico de peças

Que eu escolhi e outras que deixaram.

Tenho me redirecionado

Não para um lugar certo

Mas para o longo caminho

De cada passo

Tenho me esperado

E guiado para longe

Do tanto que apodrece minha alma.

Tenho me visto chorar

Tenho enxugado

Meu próprio pranto

Tenho sido por mim

Mesmo com a teimosa

Interferência de terceiros

Tenho fechado os olhos

Para o entreterimento

Do amor inventado

Tenho sido minha

Mesmo que com o corpo estraçalhado

E o coração machucado.

Tenho me recuperado a passos

De tartaruga

Mas consciente de que a pressa nada cura.

Tenho feito por mim

E ninguém poderá me tirar esse direito

Da vida eu quem sou o sujeito.