Pontos em que se pede, segue e perde viagem

Embarca cheia de fome

De letra e e rima

Do pão que há meses não se ver na ceia

No seio vazio da mãe que saiu

E não voltou.

Não listou a compra do mercado

Faltou amor no bilhete deixado

Na geladeira, ordenando o pagamento da conta de água

Água que não jorra

Se a conta estiver atrasada

Atraso de ponto, foi-se outro ônibus

Buscar quem teve sorte

Canções de amor

Que corta

Engole a seco a navalha

Que rasga peito fechado

Lágrima que não sai

Não há tempo de derramar

Derramar no grito em quem aparecer primeiro

Enfrentar quem enfrenta

Se perde estando a frente

Da porta que sai

Saiu de um ponto

Encontrou o outro

Lotado de corações

Há um passo de estarem parados

Morto sendo carregados

Acreditam na ilusão

De que haja sentido

Mas sentido não sente

Nem ver

Se fere no amontoado

De talvez, quem sabe

Se não de nada

Nada é

E tudo que não é

É pintado a mão por outro alguém

No chão

Vendendo o banco

Para quem também está no chão.

Toda canção fala de amor

Do contrário ao que ainda assim é

Por dor de dona Maria

Que deixou de olhar pra frente

E hoje olha para os pés

Seu alvo

Desde que parou e sentou no sofá para tricotar um xale.