UNIPLURAL— O POETA

Eu sou o poeta. Aquele mesmo que vaga na vaga

suja da caverna. O dito estranho. O dito paspalho

do castelo, mas ninguém sabe o que de fato se passa

pelo meu cérebro. Acham que são nuvens do nada;

todavia, trafego sobre os pecados abertos da alameda

do inferno. Quem lê minhas mentiras entre poemas?

E quem acredita que o verso seja realmente verdade?

Qualquer um me chama de nome. Não exijo o dicionário,

apenas a palavra. Todos me têm: o vate, o tolo e o padre.

Comum de dois clandestino. O da birosca. O do lounge.

Eu sou o poeta. E escondo embaixo da escada a ladainha

do meio-dia a pino. Madame Satã. Kurt Cobain. Zé Pilintra.

Eu sou o poeta. A real sentença dos homens que me resta.

O que não se parece com o que você atesta. Eu sou o poeta.