Não em aquarela, mas em óleo

fosse o azul profundo, deliciosamente atrevido

e o anjo amarelo quebrado

todos os violetas desde o púrpura

rosas loucos furiosos

o toque dividido com o cobalto

como um pequeno burguês num campo de Millet

um cigarro acompanhado da lua

e a água forte de Rembrandt

como um tecelão seduzindo os obstáculos

os dias sob chaves

o preto quente de tua sobrancelha

avivadas, por finos traços de vermelho sangue

... você sorri

voam anjos dentro do inferno

e o cadmo capta infinitamente esse sorriso

cobre mate nos pedaços sólidos da alma alva

(e) a música desce para o pincel

o mais delicado que se possa imaginar

voam os segundos onde não há nada

(mas) tudo está lá como a fineza do grão

sob a vista plana do seu peito

como uma campina bronzeada de verde

gosto mais da campina, do que do mar

porque é tão infinito quanto ele

mas habitado pelo conjunto de um traço só

como uma nota esmeralda no véronèse limão

E eu... eu me resignaria aí.

Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 01/05/2019
Código do texto: T6636327
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